Mato Grosso tem a primeira fazenda de produção agrícola do Brasil com 100% das máquinas sendo operadas com combustível sustentável, o biodiesel (B100). A Fazenda Sete Lagoas fica em Diamantino (a 201 km de Cuiabá) produz soja e milho em 2,5 mil hectares e todos os seus maquinários são abastecidos pelo biodiesel produzido em uma fábrica em Lucas do Rio Verde.
Combustível produzido a partir de fontes renováveis, o biodiesel é biodegradável e sustentável. Seu uso está associado à redução de emissão de gases de efeito estufa em relação ao uso de combustíveis fósseis como diesel e gasolina. A fazenda é da empresa Amaggi, que também é dona da usina de biodiesel que começou a operar em 2023.
“Produzo a soja, com o derivado da soja eu faço biodiesel, que abastece a máquina que eu produzo soja, então tenho um ciclo virtuoso de descarbonização de produção. Isso porque substituir o combustível fóssil pelo biocombustível pode reduzir em até 99% na emissão”, explicou o executivo de Relações Institucionais da Amaggi, Ricardo Tomczyk.
O B100 usado em todo o maquinário agrícola da propriedade tem em parceria com a fabricante John Deere. A operação com B100 teve autorização da Agência acional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e começou a ser operacionalizado em junho deste ano.
Os testes de uso do B100 começaram em 2022, no maquinário agrícola da Fazenda Itamarati, em Campo Novo do Parecis. Ao todo, foram realizadas mais de 24 mil horas de testes. Segundo Ricardo, a mudança de rota no uso dos combustíveis começou após a pandemia da Covid-19.
“A pandemia trouxe uma série de reflexos nos mais diversos termos e também em fornecimento de combustíveis. A empresa consome só nos equipamentos próprios 120 milhões de litros de óleo diesel por ano e houve problemas mundiais na aquisição de combustíveis, a cotação chegou a ser negativa. Vimos então necessidade de uma alternativa, pois se houver a suspensão do fornecimento de combustível o setor para. Foi quando viabilizamos a produção de biodiesel a partir de soja que a gente já produz e a utilização dele nos nossos equipamentos”, explica.
Segundo Ricardo, o segundo ponto foi o compromisso de sustentabilidade que a empresa assumiu em 2021, de zerar em emissão de dióxido de carbono até 2050. Ele explica que o protocolo aplicado para o uso do B100 é o mesmo do diesel S10 convencional, o que mostra que ele pode ser aplicado normalmente.
A escolha da Fazenda Sete Lagoas para ser a primeira a operar integralmente com biodiesel B100 se deu por sua relevância ambiental, pois sua área abriga uma das nascentes que formam o Rio Paraguai, curso d'água que atravessa os biomas Cerrado, Pantanal e Chaco, e é um dos mais importantes da América do Sul.
O biodiesel puro produzido em Lucas do Rio Verde também está sendo usado para caminhões. Uma autorização da ANP permite o uso do combustível sustentável em uma frota de 100 caminhões. Além disso, recentemente, foi usado na primeira embarcação movida a biodiesel no Brasil.
Uso fluvial
O B100 produzido em Mato Grosso foi usado em uma viagem teste, em maio deste ano. Pela primeira vez no Brasil, o empurrador “Arlindo Cavalca” transportou 25 barcaças pelos rios Madeira e Amazonas. Um pedido de autorização definitiva para uso do B100 na frota toda de embarcações foi feito pela Amaggi, que aguarda resposta da ANP.
Uso do biodiesel
O biodiesel é uma alternativa viável à matriz de combustíveis fósseis, que são mais poluentes. Seu uso traz ganhos diretos ao meio ambiente por diminuir a pegada de carbono: a troca do diesel para o biodiesel deve trazer uma redução de aproximadamente 99% nas emissões de CO2, de acordo com o GHG Protocol.
No Brasil, o biodiesel segue avançando na matriz energética. O percentual obrigatório de adição no biodiesel ao diesel passou a ser de 14% desde abril deste ano, por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Para o ano que vem está previsto novo aumento, para 15%.
FONTE: RD NEWS
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